sexta-feira, 31 de agosto de 2012


Celebração

Celebração
Volto ao lugar do encontro...
Ou desencontro?
Mesmo dia, mesma hora...
Mesma lua a me olhar, de fora,
testemunhando a dor que foi embora.
Agora vejo o seu clarão!
Desfez-se a escuridão.
Quanto tempo faz?
Nem lembro mais...
Gravei o dia, marquei a hora,
o tempo ficou pra trás.
Despojo-me do luto e das dores.
Pra celebrar, trago flores
e as despejo na rua...
A mesma onde um dia
morri de amores...
Festejo só...com a lua.

_Carmen Lúcia_

quinta-feira, 30 de agosto de 2012


Busca infindável...

Busca infindável...
(imagem:mundomaisquereal.blogspot.com)


Busco-me...
Nas profundezas do meu eu
onde o mais sensível sentimento
encontra-se com a essência da essência...
Que de tão puro e transparente
assemelha-se à fragilidade do cristal.
Basta um leve toque, um simples choque
e ele se desfaz...
 
É aí que me encontro,
que me confronto, 
que me estilhaço,
que me perco e me acho,
me desabafo das tensões do dia,
dos meses sem fim,
do ano que não termina,
do novo que nunca vem...
 
Soluço de mansinho
pra não me fragmentar
e junto com meu pranto
tento deixar rolar
as dores já vencidas,
as mágoas corroídas
e todo o desencanto
da estupidez da vida.
 
 
Carmen Lúcia

segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Rua do Imprevisível

Rua do Imprevisível
(imagem copiada do Google)


Na Rua do Imprevisível parei...
Não era larga, nem estreita,
sem esquerda ou direita,
só começo sem fim...
Para os sonhos, perfeita!
Traçada para ser assim.
Pela Rua do Imprevisível andei...
Pensei ser feita de nuvens...flutuei
e na imensidão azul cheguei.
Estrelas cintilavam ao redor da lua
que lançava o seu prata, feito açoite,
à luz do sol...
confundindo dia e noite.
Na Rua do Imprevisível
tudo é possível...
Da dor se faz melodia
tocada ao som de violino;
da harmonia compõe-se hino
e do insensível transborda amor...
Na Rua do Imprevisível busquei...
Um olhar singelo,
um amigo sincero,
um confronto com o belo,
o sonho que tanto quero.
E mais que isso, encontrei:
a paz que me fugia,
a vida que jazia
nas calçadas da imaginação,
onde poesia e solidão
se dão as mãos.
Na Rua do Imprevisível
nada se prevê,
tudo se vê...
nada se esmorece,
tudo acontece;
nada se espera,
tudo se revela...
Não é feia, nem bela...
A magia passeia nela;
basta fechar os olhos
e caminhar por ela.
Carmen Lúcia

quinta-feira, 23 de agosto de 2012



(imagem copiada do Google)



  Sem lágrimas

Não derramarei uma só lágrima
que possa regar e cultivar a decepção,
umedecer a ingratidão ressequida, dar-lhe vida,
irrigar a secura da dor e reanimá-la.

Não, de meus olhos não verterão lágrimas
a rolar pela aridez de solos que abrigam traição,
onde meu pranto possa umidificá-los
possibilitando o brotar da indignação...

Não, chorar não mais...
preparar o solo para a tristeza,
deitar o tapete vermelho e vê-la passar
desafiante e irreverente à minha fraqueza.

Tudo...menos o debulhar em lágrimas
que afoga a coragem de saber lutar.
Melhor sangrar por dentro e drenar o peito
a embeber tais sentimentos que teimam
em me fazer chorar.


_ Carmen Lúcia _

quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Viagem

Viagem
(imagem copiada do Google)


Viajemos juntos na mesma embarcação...
Tomemos o mesmo rumo, a mesma direção...
Encontremo-nos, por coincidência, na mesma estação
e partamos a sós numa viagem sem fim...
Façamos do acaso nosso ponto de encontro,
sem mágoas que corroem, marcas e confrontos...
Deixemos o destino cruzar nosso caminho,
sejamos alvo da mais ardente paixão...
Almas num só corpo,
mentes que surpreendem
a imaginação...
Entrega-me flores com o teu olhar
E meu olhar se encherá de cores
que se espalharão pelos lugares
onde transitam livres razão e emoção,
num desequilíbrio lúcido,
numa cumplicidade lúdica,
pendendo às sensações e vibrações...
Tracemos rotas de puros sentimentos,
congelemos nossa vida em momentos,
aqueles que jamais esqueceremos,
aqueles que incitam a sonhar...
Deixemo-nos levar pelo abandono
a conduzir nosso amor, sem aportar...

(Carmen Lúcia)

terça-feira, 21 de agosto de 2012


Rua dos Sonhos...

Rua dos Sonhos...
                                                                  (imagem:MelGama)
Aquela rua onde deixei gravadas
em cada canto, histórias sem fim,
hoje se encontra fria e abandonada
ouvindo risos que tranquei em mim...
 
Ainda a vejo como outrora a via,
a guardar promessas juradas ali...
Umas rolaram pela rua abaixo,
outras ficaram sem ter onde ir...
 
Àquela rua segredei meus sonhos,
idealizei um mundo de amor pra mim
e como tudo nessa vida passa,
passou o amor e a rua teve fim.
 
 


Carmen Lúcia
 
 

Prenúncio de Primavera




São as miudezas da vida
que levam a tristeza embora,
mágoa renitente que insiste
em eternizar a hora...

São reais fortalezas
numa ampla visão do olhar
que de repente se afloram
se o tempo correndo, parar...

São detalhes tão pequenos,
mistérios querendo falar,
gotas de encanto vertendo,
juntando-se, formando mar.

Um tímido, ameno botão
vence a humilde condição
e em meio a duras rochas
em flor se desabrocha...

Mostra que o seu sonhar
conseguiu se concretizar,
virou beleza, alegria,
suavizando o rigor do lugar.

Atrai a magia pra si,
cores e beija-flores,cantos e bem-te-vis,
borboletas, o vaivém entre as flores,
amores e um cheirinho de alecrim...

Lança semente em cada canto
que displicente, tece um jardim,
desperta o fetiche, realça o encanto
de simples detalhes notados, enfim.


_Carmen Lúcia_













sábado, 18 de agosto de 2012


Poesia, um caso de amor...

Poesia, um caso de amor...
(imagem copiada do Google)

Danço a poesia,sou bailarina no esplendor da arte,
exponho em poesia fragilidades e limitações,
silencio em poesia o meu grito sem fazer alarde,
brado a poesia com orgulho e ostentação,
confesso em poesia fraquezas e imperfeições,
bebo a poesia com as palmas das mãos,
respiro a poesia, perfume das manhãs,
rego a poesia com o orvalho da madrugada,
rezo a poesia na hora da Ave-Maria,
faço  a poesia alegria da chegada,
canto a poesia com ênfase à melodia,
toco a poesia com o lirismo da sonata,
vivo a poesia, essência de minh’alma,
choro a poesia movida pela emoção,
expando em poesia mágoas que viram rimas,
sonho em poesia todo encanto da magia,
cultivo a poesia e colho rosas em botão,
caminho com a poesia e afasto a solidão,
voo com a poesia rumo à fascinação,
gero a poesia e é ela quem me dá à luz,
sinto a poesia e me arrepia a inspiração,
navego em poesia ancorando em corações,
penso a poesia e dou margens à imaginação,
amo a poesia e não tem explicação...


_Carmen Lúcia_

quarta-feira, 15 de agosto de 2012


Nosso Amor

Nosso Amor

 Como comparar amor à dor?
Seria negar nossa própria existência 
regada da sublimidade maior
envolta de enorme querência
a nos unir e nunca nos sentirmos sós.
 
Nosso amor... Único e onipotente...
De almas compatíveis, sentimento contundente
a quem a vida consagrou...
Sem lágrimas, sofrimento ou rancor;
embora lamente todo o desamor que vigora
e cospe agruras no mundo de agora.
 
Amor construído de essências,
 conteúdos sólidos,
razão e emoção
caminhando lado a lado,
desprezando a embalagem,
 fogo de artifício que explode,
ilude, resplandece e morre.
 
 Se porventura a dor nos rondar 
e nos flagrar colhendo sonhos,
de imediato há de recuar
derrotada por nosso sorriso,
gládio protetor e incisivo
a refletir nossa felicidade.
 
 
E o amor perfeito, verdadeiro,
flamejará, sacramentado
dentro de nosso coração
refazendo a crença no amor sem dor,
reacendendo sentimentos abatidos,
ressuscitando amores que morreram 
antes mesmo de terem existido.
 
 

_Carmen Lúcia_
 

terça-feira, 14 de agosto de 2012


Antes e depois

Antes e depois
 
 

 
Vivo?
Resisto...
Já vivi antes dos vendavais
sob brancas nuvens clareando meus quintais.
Agora sobrevivo...
Após a devastação de sentimentos e raízes
plantados dentro de mim,
 do extermínio de flores e matizes,
essências a compor meu ar, agora rarefeito,
fincando marcas indeléveis
do mau tempo...em meu peito.
Hoje simplesmente existo.
Ou inexisto?
 
 
   _Carmen Lúcia_
 
 
 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012


Inúteis palavras

Inúteis palavras

( imagem copiada do Google)


Recolho palavras que me atropelam
no silêncio inquieto que me interpela,
preciso com elas entrar num consenso,
que venham sem eco integrar meu contexto.
 
Ou mesmo sem nexo, sem explicação
porque eu nem sei explicar a razão
de estar tão calada, tão introvertida,
desconheço quem sou ou me sou bem conhecida.
 
Procuro nos simples detalhes um recomeço,
um motivo maior para continuar,
pular as reticências, revirar aos avessos 
e nas entrelinhas reescrever o meu texto.
 
Mas as lacunas se tornam pesadas,
devo preenchê-las de palavras sensatas,
esvaziar de minh’alma meus medos e traumas
que o silêncio estimula e a palavra engasga.
 
 
                           _Carmen Lúcia_

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O mistério que te envolve




Esse mistério que teu ser exerce
dando-te um quê sobrenatural,
força enigmática que me enfraquece,
que me alcança e ganha de modo natural,
fazendo-me frágil, vulnerável ao teu anseio,
reles mortal que se dá por vencida
sucumbindo à luz de teu devaneio,
gerando em mim incontrolável desejo
de ir ao teu encontro, semi-adormecida.
O misticismo que te envolve a alma
é o que me move e meu ser acalma,
inunda-me o corpo tua doce magia,
afaga meu espírito, aguça a fantasia
ao transformar-me em versos de tua poesia,
nas rimas mais sinceras, a nossa sintonia,
calando o universo, que ouve extasiado
as notas melodiosas de uma sinfonia
tocada pelo encanto místico de teu teclado.
E me entrego a esse encanto,
sonho e mistério solidificados.
_Carmen Lúcia_