sábado, 28 de julho de 2012


Fragmentos de uma história de amor...

Fragmentos de uma história de amor...
(imagem copiada do Google)



Deixo escapar uma lágrima atrevida;
não houve como detê-la,
impedi-la de rolar...
Há quanto tempo a segurei
tentando disfarçar...
Hoje pesada, cansada, sofrida,
desaba pela minha face,
revela parte de minha vida
lavando a máscara que me foi disfarce,
mostrando a marca da minha ferida.
E atrás dela, outras e outras...
Encharcam meu rosto, embebem meus lábios...
Tanto tempo contidas,
anos, talvez, embargadas...
Fragmentos de uma história de amor,
interrompida e inacabada...
Ainda que pela ausência,
lágrimas, distância e dor, marcada...
Amor assim tão profundo
é para a eternidade...
Tão puro como a verdade...
Não cabe nesse mundo.
Carmen Lúcia

Fotografia


(imagem copiada do Google)


O colorido se desfez...
Não sei se pelo tempo ou pelas lágrimas...
ou pelas marcas de minhas digitais...
Preocupa-me tua palidez;
lembra-me as tardes de outono;
amareladas, sem brilho, foscas...
Que não querem se acabar...
Alongam-se...
impedindo o tempo passar.
Olho teu sorriso triste...
Outrora sorrias com a alma;
alegria que me convencia
de tua partida providencial...
Seguir novos rumos, viver novo ideal.
Mudaste teu contexto
excluindo-me do habitual...
Em minha gaveta te guardei...
Quantas vezes te busquei...
Tantas te desejei...
Impelida pela saudade,
imensurável vontade
de te trancar e não te perder...
Hoje a velha fotografia
não revela a reprodução exata...
Parece querer me dizer
teres feito a escolha errada...
Mas o tempo é inexorável;
nem vê o que deixa pra trás,
corre veloz e implacável,
passado não volta jamais.
Resta-me tua fotografia,
desbotada, triste e fria,
que eu olho com o amor
que sonhei te dar, um dia.
Carmen Lúcia

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Meu grande amor







Não fosse pelos toques de mãos,
pelos olhares meigos ou atrevidos,
pelo desejo a nos deixar atônitos,
pelos beijos que não demos, mas sentimos,
diria que foi amor platônico...
Mas mentiria, pelo muito que vivemos,
num curto espaço de tempo.
Tempo ido e sido,
porém jamais esquecido...
 
Tínhamos a juventude a nos cumpliciar
e tudo que nos reserva os belos momentos...
Os mais implícitos, os mais íntimos,
os mais profundos e amenos;
a própria vida a nos presentear,
o mundo todo a nos circundar
de amor, que éramos nós,
do amor que só coube a nós.
 
O encanto de sua música ao piano
fazia-me girar, levitando...
tornava-me bailarina, plena de rimas,
entregue  à atração que exercia
o azul de seu olhar,
confundindo realidade e fantasia,
céu e mar...
Amor assim não se acaba...
Permanece a chama que não se apaga
mesmo quando a distância se pronuncia,
fica no ar a melodia...
 
Hoje a ouço, driblando a nostalgia,
sorriso no rosto, esperança de um dia
viver mais uma vez o nosso sonho,
ainda que em outro universo,
ou em outra estratosfera,
mesmo após eras e eras...
e eras.
 
Como ainda é...e era.
 
 
 
(Carmen Lúcia)
 

terça-feira, 24 de julho de 2012


Sem explicação...

Sem explicação...
(imagem copiada do Google)



Vejo-te nas densas brumas do oceano
em cada onda a se quebrar
no branco de sua espuma
no céu a refletir o mar
na brisa que sopra ao meu ouvido
palavras que vinhas me dizer
promessas que vinhas me fazer
carinhos que me faziam crer
que o mundo se resumia
em teu e meu querer.
Hoje caminho sozinha...
do mar, o céu anoiteceu
o branco tosco escureceu a espuma
as ondas bailam devagar
o pranto nubla meus olhos
algo em mim morreu...
Desmorono castelos
de dentro de mim
pisoteio sonhos
que tiveram fim
espezinho as palavras sutis
as promessas vis
cenário ilusório do amor
que não pôde ser...
E sigo nua de emoção
sem nada explicar ao coração...

_Carmen Lúcia_

sábado, 21 de julho de 2012

Permita-me, Felicidade!









Permita-me, Felicidade,
ser tua eterna companheira,
passageira constante de tua viagem,
ficar ao teu lado a vida inteira,
conduzir-me por teus passos
que traçam rotas floridas,
permeando  sorrisos e abraços,
apagando dores e fracassos...
 
Permita-me, Felicidade,
eternizar em mim os teus momentos,
alicerçar-me de teus argumentos
que derrubam muros e fronteiras,
constroem pontes e amizades verdadeiras
consentindo à vida prosseguir em paz
levando na bagagem valores essenciais.
 
Permita-me, Felicidade,
ser feliz buscando sempre a verdade,
tua presença, suavizando recomeços,
evitando descompassos, soprando o meu cansaço
e em teus braços me esquecer de tua ausência...
sem perceber que estiveste sempre em meu encalço.
 
 
_Carmen Lúcia_

quinta-feira, 12 de julho de 2012


Diferentes brilhos

Diferentes brilhos
(imagem copiada do Google)

Há um intenso brilho
que emana de seu olhar;
nele, a magia e o encanto
tocam fundo o coração.
E na escuridão profunda
clareia como a lua
que ilumina as verdes matas,
e provoca sensações
no desprendimento das almas
causando bem estar,
além de encorajar os namorados
e inspirar os poetas...

A claridade que dela emana
faz um carinho nas águas do mar.

Há um intenso brilho
nascido de seu olhar...
Nele quero me ver,
rio que corre pro mar...
Mas a luminosidade é tanta,
ofusca minha visão,
incandescência que espanta
e nubla os meus anseios,
bloqueia minhas fantasias,
embaça meus devaneios
logrados pela luz que
perpassa meu caminho...

...sem sequer me iluminar...

Porém reflete os sonhos
n' alma que desistiu de amar,
néon que brilha na noite
propagando a paz que ainda há,
dissipando a neblina fosca
da rota de quem quer passar,
deixando rastros de cintilações
no breu que há entre as estrelas.

Há em seu olhar intenso brilho,
sol que aquece as manhãs,
mas não incandesce a chama
de minha luz semiapagada,
que tremeluzida reclama
sua luz a me brilhar...

...num convite para amar...


_Sonia Barbosa Baptista e Carmen Lúcia_

quinta-feira, 5 de julho de 2012


Manhã de luz

Manhã de luz
(imagem copiada do Google)


 Nasce a manhã com o silêncio da oração... 
Tal deslumbramento lembra o puro e o sagrado
consolando o homem de tempos de expiação
recolhendo o que restou, o que se houvera profanado.
Chega de mansinho expandindo mansidão
  quer mudar destinos, entoa nova canção,
novo ritmo que toque o coração desapegado,
  novo cenário dissuadindo o que não foi concretizado.
Traz a luz mais intensa que pudera arrebatar
soprando qual vendaval o apagão da noite
onde seres se trombam sob o uivo do açoite.
E virando-se ao avesso a manhã se faz clarão
pairando sobre sombras que se afastam num piscar
e cada um se ilumina, volta a crer, volta a sonhar.


Carmen Lúcia

Diante de mim...

Diante de mim...
(imagem copiada do Google)

 Diante de mim uma folha em branco...
Assim como eu gostaria que fosse a vida.
Nada escrito.Nada preestabelecido.
Dar asas à imaginação e me deixar levar...


Poder começar e não recomeçar.
Os recomeços trazem lembranças,
vêm com o passado, vêm remarcados
de velhos enredos, antigas esperanças,
sonhos mal nutridos, gorados...


Diante de mim uma folha em branco...
Assim como eu gostaria de me sentir
ao tocar meus pés no desconhecido
e desbravar, sem prever o acontecido;
leve... ao descobrir um novo mundo
e a brisa a me soprar torpor profundo...


Ao tatear a vida pela primeira vez
e esquecer a história que se desfez...
Não recomeçar!Começar...
Sem erro, sem dano, sem abandono.
De um lado o começo... de outro, o sonho.


(Carmen Lúcia)

Desabafo

Desabafo
Antes que ao pó eu retorne
registro a vida
em pequenos relatos...
E se, sem querer, desacate
os recatos de quem
indigne-se com os fatos,
talvez seja porque não houvesse
se decepcionado
com a incoerência dos atos,
envolto em redoma de vidro
alheio a tudo, distante e perdido.
Antes que em cinzas me torne
tentarei descrever esse mundo restrito;
e enquanto alma eu tiver,
escrever eu puder,
gritarei esse grito.
Não há existência sem dor,
caminho sem pedra, rosa sem espinho.
Amar é a beleza da vida,
mas também é chorar,
é sangrar a ferida.
O mundo é um círculo vicioso
que circula furioso
sem nunca chegar...
Nem bem se inicia a partida
temos que voltar para recomeçar...
São raros os momentos felizes
que tentamos roubar
para eternizar...
E tantos os infelizes
que pensamos findar,
mas que se eternizam.
Escrevo aquilo que vejo,
que sinto, que penso,
o que já passei...
Não é a verdade que almejo,
o sonho que sonho,
em que acreditei...
E a quem indigne meus traços
me ensine a crer ou descrer desses fatos;
talvez esses meus olhos tristes
me impeçam de ver
que a felicidade existe.

(Carmen Lúcia)