sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Viver os sonhos seus...

                                                       
Amar demais foi o que fiz...
E por amar assim de meus sonhos desfiz,
jogados fora, deixados pra uma outra hora.
Quis viver os sonhos seus,
ser parte integrante do mais importante
sem perceber que seus sonhos de agora
já não são tão sonhados como outrora.
A ternura que neles havia,
a alegria que antes sorria,
foram-se embora,
apagaram-se com o romper do dia.
Agora é realidade crua e nua.
Recolho os meus, sonhos desgastados,
emperrados pela desolação...
Tornaram-se frios e pesados,
isentos de qualquer emoção.



_Carmen Lúcia_


                                                            

sábado, 15 de outubro de 2011

Coisas do coração...


Quem pode comandar o coração?
Pare de amar! Esqueça!
Controle a emoção!
Enfraqueça 
 as batidas descontroladas da  paixão!                                                                 
E ele segue seu curso
cego e surdo aos apelos
ouvindo apenas sua voz
cumprindo sua missão.
Não ouve o que lhe ordenam,
satisfaz a sua razão.
Como é autêntico o coração!
Mesmo que sua verdade
arrecade dor, sofrimento, ilusão,
não se acovarda, nem se abate.
Ainda que se estraçalhe, 
 se descompasse ante à tentação,
 encara de frente 
o que a mente ressente
e abre as portas pra cada emoção.
Sabe que a vida é pequena
e distende cada momento...
Viver é o que vale a pena,
amar, sofrer, chorar, gargalhar,
seguindo o que lhe sacode,
andando no compasso que pode.

_Carmen Lúcia_


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Aquele sorriso franco




Já não trago o sorriso escancarado
mas um riso teso, meio que forçado...
Se se abrisse em sonoridade esfuziante
certamente não seria livre, mas forjado.
Já não trago nos olhos o brilho de antes
a refletir da vida a alegria pujante.
Olhos que falavam o que a voz não conseguia
e hoje, anuviados, observam calados.
Já não sinto o mesmo frisson
da paixão que arrebata, rouba os sentidos,
nos faz submissos, tira-nos o chão
e nos (en)leva a uma viagem plena de emoção.
Hoje descrevo o que vivi, o que senti,
a essência do que chorei e do que ri,
carícias de pétalas, crueza de espinhos,
sentimentos que transcrevo em poesia
e vejo renascer na folha de papel em branco
a luz que reluzia de meu sorriso franco.
_Carmen Lúcia_

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Um olhar de criança (Homenagem ao Dia da Criança)




Com olhinhos deslumbrados
capta toda a beleza...
Com um olhar prolongado
percebe a essência, a natureza...
Não se contenta em olhar;
é preciso tocar, ver, sentir a pureza
que muitos não sentem, não tocam, nem vêem...
Em suas frágeis mãozinhas
uma simples florinha singela
muda de cor, tamanho, valor...
Enfeita o lugar, onde quer que for,
torna-se azul, amarela, furtacor...
Criança tem nos olhos o encantamento
como ponto de partida para o pensamento.
Colhe da vida, o essencial...
Usa a sensibilidade, razão primordial!
“...a capacidade de se assombrar
diante do banal.”(trecho de Rubem Alves)
(Carmen Lúcia)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Despedida






Hoje me despeço do que sou...
Dos meus sonhos amarelados, enroscados
 em teias tecidas por desencantos,
desencadeando planos inacabados,
esboçados pela falta de ânimo,
que se perderam no tempo
por nunca surtirem efeito
lançados ao contratempo,
descorados, imperfeitos,
perdidamente desfeitos.
 
Despeço-me das dores,
das ausências e dos amores,
daquelas que mais senti
daqueles que mais amei
e pelas estradas ficaram
(ou se foram?)
sem uma razão qualquer.
Coisas que ninguém sabe explicar...
E eu criança, menina, mulher,
só, a recomeçar...
 
Despeço-me das feridas
que lembram o passado
que um dia vai passar...
 
 
Recomeço nova fase...
Desponto com a aurora,
sob a luz de um novo brilho
que me guia e revigora,
a luzir o despontar
de meus primeiros cabelos brancos,
marcando nova estação
e o meu sorriso franco
ao lado de velhos amigos, novos amores,
que comigo, entre essências e flores,
também envelhecerão.
 
 
_Carmen Lúcia_

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Quem sabe...




Quem sabe...
A manhã ainda se abra
e me ofereça um leque
de cores indizíveis,
tonalidades amarelas
trazendo raios de sol
a brincar pelas frestas das janelas,
roçando pétalas de flores invisíveis,
convite irrecusável
pra viver, amar, a cor dar !
Quem sabe...
A manhã ainda nasça
diferente de todas que já nasceram
e a minha esperança renasça
mais forte que as que morreram
antes mesmo que o dia acabasse,
sem que o som das notas musicais,
interlúdio composto pela beleza da aurora,
me tocasse e me enlevasse
pelo azul do Danúbio,
embora meus passos inertes agora
já não ousam dançar uma valsa.
_Carmen Lúcia_

domingo, 2 de outubro de 2011

Faca de dois gumes






A vida...
Faca de dois gumes;
um lado que disfarça
sem alcançar o cume,
escondendo seus queixumes.
O outro, arrojado,
sem disfarces vai à luta.



Lados distintos: o verso e o inverso.
Um sem corte, outro afiado,
um sem norte, o outro atirado.



O lado cego, negando-se a enxergar,
tentando omitir de si próprio
a realidade...
Só quer encenar,
vestindo fantasia
que o tempo irá retirar.



O lado afiado é o lado verdade...
Desafios suporta e injustiças combate.
Jamais perde a autenticidade.



Vivamos os dois lados...
O cego e o afiado da faca
e assim conheceremos
os dois gumes da vida,
sem ignorarmos nada!



_Carmen Lúcia_