sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Amor e poesia




Poesia, assim como o amor
não têm explicação.
Chegam bem de mansinho,
arrebata-nos devagarinho
e nos aprisionam num alçapão.

Acho até que poesia
define bem o amor...
Ou o amor, a poesia.

Os dois entorpecem a alma,
geram asas pra alegria,
acalentam a dor.

Tocam-nos tão profundamente
que ora se chora,
ora se ri,
ora não se sabe
nem pra onde ir.

Na poesia há versos rimados,
compassos ritmados, inspiração.
No amor, há de haver sintonia,
química que propicia
unir razão e emoção.

Quando bem harmonizados
dão-se as mãos, unem-se as almas,
alçam os vôos mais ousados...
O amor pulsando corações apaixonados,
A poesia resultante
da paixão de cada instante...

Ambos tentando explicar o inexplicável.


_Carmen Lúcia_




quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Entre tropeços e avessos



Envelheci feito folha de outono
e com ela me deixei levar
pelo vento, de qualquer tempo...
Às vezes, parada obrigatória,
mudava o enredo de minha história,
enroscando-me em empecilhos
a travar meus passos, marcando
as fases desbotadas de ilusão transitória,
persistindo, sem modéstia, em minha trajetória.
Alguns foram vencidos e outros por vencer,
bloqueios impenetráveis vergando estruturas,
fazendo um inverno intensamente gelado,
enrijecendo as mãos que acariciam esculturas,
artesãos a espera de um sol a brilhar
enquanto o branco da estação acentuava
os meus cabelos grisalhos.
Entre tropeços e avessos compulsórios,
duras quedas que me levaram ao chão
e emolduraram o meu íntimo de emoção,
percebi detalhes que jamais teria visto,
não houvesse eu caído
e ter cavado a inspiração,
se não houvesse molhado de pranto
a estrada por onde andei
trazendo-me, vez ou outra, a primavera,
fazendo a vida ficar mais bela.
_Carmen Lúcia_


De vez em quando há primavera




Envelheci feito folha de outono
e com ela me deixei levar
pelo vento, de qualquer tempo...
Às vezes, parada obrigatória,
mudava o enredo de minha história,
enroscando-me em empecilhos
a travar meus passos, marcando
as fases desbotadas de ilusão transitória,
persistindo, sem modéstia, em minha trajetória.
Alguns foram vencidos e outros por vencer,
bloqueios impenetráveis vergando estruturas,
fazendo um inverno intensamente gelado,
enrijecendo as mãos que acariciam esculturas,
artesãos a espera de um sol a brilhar
enquanto o branco da estação acentuava
os meus cabelos grisalhos.
Entre tropeços e avessos compulsórios,
duras quedas que me levaram ao chão
e emolduraram o meu íntimo de emoção,
percebi detalhes que jamais teria visto,
não houvesse eu caído
e ter cavado a inspiração,
se não houvesse molhado de pranto
a estrada por onde andei
trazendo-me, vez ou outra, a primavera,
fazendo a vida ficar mais bela.
_Carmen Lúcia_

terça-feira, 27 de setembro de 2011


Sem emoções

Sem emoções
Ditas-me as regras
e as assimilo,
trafego em teus princípios
se me impões as diretrizes
e nunca vacilo.
Teu credo reverencio
e mesmo sem crer
o vivencio...
Em teu pergaminho
caminho, sem nada ver,
traçando o meu descaminho,
vivendo só por viver.
Será que assim tu me tens?
E as emoções esquecidas,
real sentido da vida,
que afloram sem ser instruídas,
mas permanecem contidas
quando ao meu encontro tu vens?

_Carmen Lúcia_

sábado, 24 de setembro de 2011

Sem lembranças


Recomeço do agora...
Olho as cinzas esvoaçando,
meu interior se esvaziando
levando suavemente o passado
que perde espaço
no decorrer das horas.
Lembranças felizes permeiam o ar,
querem voltar,
teimam em ficar
apesar da decisão irrevogável,
relutância inexorável
de não as levar,
de me libertar.

Difícil resolução tomada
após ter sido amparada
por essas ausências vividas,
pelas reminiscências floridas
no jardim de um tempo
que já se perdeu,
não sobreviveu.

Respiro suas fragrâncias
que não mais inebriam
a imaginação,
só fantasiam a alucinação...
Fantasmas que não mais amedrontam,
perderam o fascínio, são sombras.
Apenas vagueiam
cerceando os caminhos
de pura ilusão.

Recomeço do agora...
Sem pressa, sem hora,
vazia do ontem,
esquecida do outrora.(?)
Fechada a lembranças
que trago fincadas
no cerne baldio
de meu coração.


_Carmen Lúcia_

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Reencontro

Reencontro

Reencontro
(imagem copiada do Google)


Entardece...
Pela janela vejo o tempo passar...
Vibrações febris de cores transcendentais,
variações de azuis, violetas angelicais,
a melodia do vento a sussurrar mistérios
vindos do mundo de lá...
A doçura do momento, hipnotizante,
me envolve num encantamento
ao qual me deixo levar...

O amor passa de repente

arrebatando o que vê pela frente,
exalando seu cheiro a inebriar...
 Essa insanidade empolgante
me prende, por um instante,
 durando a eternidade...

 Reencontro-o entre névoas esvoaçantes
e me perco na emoção de seu abraço,
...como antes...
no frenesi de seus beijos,
 nosso amor em descompasso.

Escurece...
Não mais enxergo o tempo.
O vento espalha o lamento.
A loucura presa por um fio tênue se arrebenta,
cai, se fragmenta
espatifando a magia da divagação,
o encantamento da imaginação,
velando no silêncio, a ilusão,
que nos leva à felicidade
fracionada pelo tempo,
encerrada pela fatalidade.



_Carmen Lúcia_

Sem inspiração, sem você...



Sem inspiração quis transbordar em versos...
Descrever as batidas insossas de meu coração
tentando reativar o que um dia fora emoção
e hoje é um jeito sem jeito de viver...
É um viver por viver, estar viva sem ser...
Sem inspiração quis plagiar meu sentimento
sem saber onde encontrá-lo nesse momento,
se ainda existe ou se perdeu por esse mundo afora
deixando marcas indeléveis de um passado
que nunca passou, mas que o levou embora.
Sem inspiração tentei ainda ser poeta
esmiuçando os parcos instantes que me disseram tanto,
intensificando nossa história dos mais incríveis planos,
meros enganos que aos poucos foram se desgastando
na mesma proporção de meus sonhos insanos.


_Carmen Lúcia_